segunda-feira, 6 de julho de 2009

O furo que não aconteceu!


Apresentamos aqui o exemplo de um furo extraordinário que tinha tudo para dar certo, mas não deu.

"Vocês se lembram que o jogador Muller, do São Paulo, teve alguns problemas existenciais? Ele sumia de repente e não dava notícias. Até que um dia Telê Santana, técnico na época, perdeu a paciência: “Aqui não joga mais, chega”.O jogador tinha abandonado o clube pela terceira ou quarta vez. Era uma terça-feira modorrenta para o futebol, e o São Paulo foi jogar na cidade de Jaú. Eu já trabalhava na Rádio Jovem Pan, e o Dirceu Cabral, que era o locutor setorista do Tricolor, viajou para fazer o jogo. José Carlos Carboni, meu chefe de então, pediu para eu ficar em cima do assunto Muller. Descobri que o jogador ia jantar com o presidente do São Paulo, José Eduardo Mesquita Pimenta, para esclarecer as coisas. Liguei para o presidente e argumentei: “Presidente, preciso falar com o Muller, sei que ele vai jantar com o senhor e gostaria de combinar algo, já que seria muito chato me plantar na frente da sua casa esperando o jogador sair. Posso te ligar no intervalo do jogo de Jaú para saber como está a conversa?”
O presidente me respondeu que não havia nenhum problema. Disse a ele que o Carboni ligaria e que eu faria a entrevista. Combinei com o Carboni que faria as primeiras perguntas e que passaria para o locutor que estava em Jaú, e ele, com jeitinho, pediria para falar com o Muller. Praticamente até combinamos o que deveria ser dito:
“Presidente, o Muller está aí, não é?” A resposta era óbvia. “Ah, então, presidente, pede para ele, por favor, falar com a gente aqui na Pan”.
Foi o que aconteceu. Gentilmente, o presidente, que já anunciara a volta do jogador ao elenco, chamou o Muller e ele veio. Pensei comigo: “É hoje, toda a imprensa esperando a palavra do fujão, e eu aqui já com ele no ar e com respaldo até do presidente do São Paulo”.
Qual não foi a minha surpresa quando o meu locutor diz o seguinte: “Boa Noite Muller! Que bom que você está aí! Mas agora não dá mais para falar porque vai começar o segundo tempo de São Paulo e XV de Jaú [...].”
O grande furo perdeu-se pela noite, e o repórter jamais esqueceu."

[Luiz Carlos Quartarollo – repórter da Rádio Jovem Pam]


[Fabiana Pelinson]

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